terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Quando o Tempo Passa e a Gente não Vê!

Como alguém a quem consola sua mãe, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis consolados. (Isaías 66:13)
Em 1980, lembro como se fosse hoje, minha mãe tinha comprado um bauzinho "Qüem-Qüem" vermelho e branco e me despediu chorando, para o meu primeiro dia de aula. Eu já tinha passado dos sete anos, idade até a qual, segundo os médicos, eu certamente resistiria, após ter passado pela minha primeira cirurgia de hidrocefalia, em Belém, minha terra natal. Eu não entendia por que razão minha mãe chorava tanto, e isso só me foi revelado quando eu estava próximo de completar 15 anos.
Completei 15 anos, e já havia passado por mais três cirurgias, e numa delas estive em coma. Novamente, minha mãe se chegou a Deus e orou, como da primeira vez, quando soube que eu havia contraído a hidrocefalia. Dessa vez ela já não podia dizer que só tinha a mim de filho, pois meus dois irmãos já eram nascidos e eu ainda tinha uma irmã caçula, a Keity. A filha com a qual ela tanto sonhava.
Aos 18 anos, comecei a trabalhar num cursinho de inglês, dando aulas para turmas iniciantes. Lá trabalhei até julho, mês do meu aniversário. Em 1/10/1991, fiz minha primeira viagem a trabalho, para realizar o Curso de Formação de Agentes de Carga da antiga VARIG, na qual fui chamado para trabalhar. Ao me despedir, mais uma vez, vi que minha mãe chorava, receosa do que pudesse acontecer comigo numa viagem como aquela, mas ao regressar pude encontrá-la alegre e sorridente, ao me receber em casa, depois de mais de 30 dias sem me ver. Era aconchegante, o seu abraço.
Em 1993, as coisas começaram a mudar. Pude proporcionar a ela a oportunidade de viajar para Salvador para visitar minha tia. Algo que ela queria muito. Quando retornou, a recebi com saudade e uma maravilhosa sensação de ausência suprida.
Em 1995, uma nova ruptura. Ela e toda a minha família foram para Salvador e eu fiquei, por não ter encontrado vaga, em nenhuma faculdade de Salvador, para um curso que fosse compatível com o meu. Ela, que sempre acreditou em mim, se foi com o coração partido, mas me apoiou, pois torcia pelo meu sucesso, e sabia que se abandonasse o curso no último ano, minha vida acadêmica seria imensamente prejudicada. Praticamente todos os fins de semana nos falávamos por telefone, mas parece que isso só aumentava, tanto a distância quanto a saudade que tínhamos, um do outro.
Em 1996, já estava formado, mas também, recém contratado pela VASP, pois havia sido demitido da VARIG em 1994.
Em março de 1996, tive, novamente, o privilégio de tê-la perto de mim. foi muito bom enquanto durou, mas em 1997, nos separamos novamente, pois tive um conflito com meu irmão e ela não quis desampará-lo pois, pois apesar de não ter emprego fixo, já tinha mulher e filho, e ela houvera se apegado ao primeiro neto. Fui morar sozinho numa casa no Cruzeiro Velho, cujo aluguel pagava com o salário que recebia da VASP, mas as despesas foram aumentando, e comeceia passar aperto. Em maio de 1998, já havia pedido contas da VASP na expectativa de que conseguiria um emprego em alguma agência de turismo, com os conhecimentos que havia adquirido durante o tempo em que trabalhei nessa última companhia aérea. Essa espera durou um ano e dois meses, e em maio daquele ano chegaria ao fim.
Não consegui nada e acabei adoecendo e tendo que voltar pra casa dos meus pais. E minha mãe, como sempre, me recebeu de braços abertos.
Contando com sua inabalável confiança em minha capacidade, ela me apoiou quando decidi continuar a dar aulas particulares de inglês, atividade que havia começado entre a data em que me demiti da VASP e o dia em que descobri estar doente. Dessas aulas, tirei o dinheiro para pagar um cursinho preparatório para o concurso de Agente Administrativo na antiga FHDF. Passei e não demorei a tomar posse. Glória a Deus! Voltei a dar alegrias a minha mãe com minhas vitórias, mas sempre contando com seu apoio, carinho e, principalmente, com suas orações.
Chegou a hora de casar, o que muitos não acreditavam que fosse capaz de fazer, pois achavam que nunca encontraria alguém que aguentasse um homem como eu, que houvera, inclusive sido tratado como inválido. Minha mãe se opôs ferrenhamente ao meu casamento, pois não acreditava no amor de minha esposa, então namorada por mim. E não queria me ver sofrer.
Em 2002, eu já estava casado, trabalhando no TRF 1ª Região, do qual fui aposentado por invalidez, em 14/07/2015. Minha mãe, meu pai e meus irmãos resolveram viajar pra Aracaju, para tentar, mais uma vez, o sucesso no mundo dos negócios. Meu casamento estava em crise, mas decidi lutar por ele, e em março de 2003, Deus me deu vitória.
Em 2006, os cinco (meu pai, minha mãe e meus três irmãos, além de meus dois sobrinhos e minha cunhada), voltaram pra cá e eu e minha esposa os ajudamos a se fixar aqui novamente.
Em 2007, foi minha vez de me aventurar em outra cidade, em busca de uma gratificação que não conseguia em Brasília, Fomos eu e minha família para a cidade de Passos, em Minas Gerais.
Só voltei a ver minha mãe em julho de 2008, por ocasião do aniversário de minha filha e meu 24 e 25/07 daquele ano. Foi um período curto, mas alegrou muito meu coração. Chorei muito, quando se despediram e os vi partir naquela ocasião. E mal sabia eu que seria a última vez que veria minha mãe partir para longe de mim, antes da sua chamada definitiva para estar com o Senhor em 15/02/2011. De lá pra cá os dias passam e me vejo envelhecendo, minhas filhas crescendo e coisas acontecendo, que jamais poderia prever. Desde que me entendo por gente, nunca havia esquecido do aniversário de minha mãe. E ontem não foi diferente. Embora não tenha tido forças pra tornar pública a minha constante e interminável saudade, hoje a faço notória. Ontem, se estivesse nessa terra, minha preciosa mãezinha teria feito 65 anos. Quatro anos de mais uma ruptura que parece interminável, mas que eu sei que tem data pra terminar: Quando o Senhor Jesus voltar, ou quando o Pai Celestial me chamar pra estar mais uma vez juntinho da minha amada mãezinha. Só que, dessa vez, com uma diferença: Lá não haverá mais dor, envelhecimento, partidas e nem chegadas, e estaremos juntos para sempre! Serei mais um de seus irmãos, e teremos, por único Pai, o Senhor Deus. Embora essas lembranças tragam junto a dor da saudade, servem para renovar as esperanças e as boas lembranças dos momentos que vivemos e ainda viveremos no Lar Celestial! Sei que ela não pode me ouvir, mas deixo registrado o que gostaria de lhe dizer: PARABÉNS MAMÃE!


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