AFRICA - Um Islam Mais Esportivo –Por Silvia Spring
Jogar vôlei não é fácil quando se está vestindo um higab. Verdade, a maioria das mulheres muçulmanas passa a vida inteira sem enfrentar esse dilema. Mas para 25.000 garotas da Somália, presas em três dos maiores campos de refugiados no Nordeste do Kênia, a vestimenta arruinava a única atividade recreativa praticada nessas áreas que recebiam ajuda financeira das Nações Unidas. Os uniformes convencionais de voleibol (shorts e camisetas acanhadas) eram muito ousados, e jogar com o higab, que envolve todo o corpo e a cabeça, prejudicava a visão periférica e diminuía a velocidade das jogadoras. Então o Alto Comissariado das Nações Unidas apelou para a NIKE, uma gigante do ramo de vestuário esportivo mundial, solicitando que projetasse um higab adequado à prática do vôlei. O resultado foi uma vestimenta feita de um tecido leve e acolchoado que mantém o corpo das jogadoras coberto, mas eliminando os excessos, com um cordão para diminuir comprimento da roupa durante o jogo; algemas foram acrescentadas às mangas evitando que elas cubram os braços.
O primeiro carregamento foi enviado no início de 2006, e tão logo os uniformes se popularizem, diz o dirigente das Nações Unidas, “ Muitas dessas refugiadas terão visto coisas de que dificilmente ousariam falar a respeito”, diz Claude Marshall, um consultor do Comissariado em Genebra, “se elas forem inseridas em algum tipo de esporte organizado, mesmo que seja durante duas horas por dia, terão, pelo menos, um sopro de normalidade.
Tradução de Eliézer Vieira Grangeiro