há 5 anos
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Ingressei na Faculdade de Direito da então
FEFIARA em 1996. Oriundo de família pobre, mas de bases morais e éticas muito
sólidas, lá fui eu para meus primeiros dias de aula, com os sonhos e ideais de
qualquer jovem humilde: cursar uma faculdade para adquirir conhecimentos,
tentar melhorar a realidade social em que vivemos e ter uma profissão para garantir
um futuro digno.
Logo nos primeiros dias do Curso me apaixonei
pelo Direito, com as lições jurídicas e principalmente, de vida, repassadas
pelos meus mestres, em inesquecíveis aulas. Lembro-me como se fosse hoje das
aulas de Introdução à Ciência do Direito, ministradas pelo Juiz de Direito e
professor Rui Ribeiro de Magalhães; dos primeiros passos pelo Direito Civil,
ensinados pelo simpático e saudoso professor Edson Zambrano e das aulas de
economia, proferidas com empolgação e entusiasmo pelo professor Luiz Felipe
Cabral Mauro, nosso querido Reitor da UNIARA.
Sempre estudei muito e não perdia uma aula
sequer! As férias eram um tormento para mim. Já no final do primeiro ano, após
o encerramento das aulas, continuei estudando e ansiava pelo começo do próximo
ano letivo. Lembro-me que era dia 28 de dezembro de 1996, e enquanto todos se
preocupavam com os festejos de final de ano, eu estava no meu quarto estudando
o clássico livro “Introdução à Ciência do Direito”, do professor Hermes Lima.
Leitura que foi interrompida apenas no momento em que meu irmão entrou no
quarto e avisou-me que nosso pai, que estava muito doente, havia acabado de
falecer no quarto dele. Naquele momento eu havia perdido meu melhor amigo, meu
herói e, certamente, uma das pessoas que mais se orgulharia em ver aquele jovem
estudante tornar-se bacharel em Direito. Continuei meu caminho, porque era
preciso.
No segundo ano da Faculdade, com a grade
curricular apenas de matérias jurídicas, minha empolgação pelo curso perdeu
limites. Lembro-me do professor e Procurador de Justiça, Dr. Sérgio de Oliveira
Médici, nos ensinando as teorias finalista e causalista do crime, utilizando
desenhos de um círculo dividido em duas partes iguais e de um triângulo, o que
era simplesmente fantástico; das aulas de Direito Comercial do professor
Fernando Passos, um misto de ensinamento jurídico e ensinamento de como viver e
enfrentar a vida e a carreira que havíamos escolhido; das fantásticas aulas de
Direito Constitucional do Promotor de Justiça e professor Raul de Mello Franco
Junior, do qual me tornei fã; graças a ele, aliás, eu ingressei como estagiário
oficial do Ministério Público logo no segundo ano do curso. Certo dia do final
do segundo ano letivo, entrei na sala para fazer a quarta e última prova e então
o professor Raul nos informou que estavam abertas as inscrições para o concurso
de estagiário do Ministério Público, que se encerravam no dia seguinte. Na
manhã seguinte acordei bem cedo, providenciei todos os documentos necessários,
consegui fazer a inscrição na última hora e então prestei e fui aprovado no
concurso para estagiário do MP. Atuei por quase um ano como estagiário do
Promotor de Justiça, Dr. Rafael Valentim Gentil, um verdadeiro pai para mim.
O terceiro ano não foi menos esperado: a ansiedade
e curiosidade de ser aluno de um dos maiores processualistas penais do Brasil,
o professor Fernando da Costa Tourinho Filho, eram incontroláveis. E toda
espera valeu muito; valeu demais. O nome da minha turma é “Fernando da Costa
Tourinho Filho”. Além dele, tive o privilégio de ter aulas com os Juizes de
Direito, Ferry de Azeredo Filho e Wagner Corrêa. Juristas fascinantes,
profundos conhecedores do Direito e da vida. O Dr. Wagner Corrêa não passava
uma aula sequer sem nos falar da qualidade e da tradição do curso de Direito da
então FEFIARA e não titubeava em dizer tantas vezes: “vocês são tão bons quanto
os alunos da PUC e da USP, porque vocês estudam aqui”. Psicologia de um homem
experiente, que sabia o que estava dizendo a um grupo de jovens idealistas.
Todos meus professores da Faculdade de Direito
são inesquecíveis, porque cada um contribuiu de uma forma ou de outra para
minha formação moral e jurídica.
No terceiro ano da Faculdade, prestei concurso
para estagiário da Procuradoria do Estado, sendo aprovado em primeiro lugar.
Atuei por quase dois anos como estagiário oficial do Procurador do Estado e
hoje professor de Direito Penal da UNIARA, Dr. João Luis Faustini Lopes. Homem
de retidão de caráter, conhecimento e experiência jurídica irretocáveis. Hoje é
meu grande amigo.
Em dezembro de 1996, quando eu já havia me
encantado completamente pelo Direito Penal e estava concluindo o Curso, abriu o
edital do concurso DP 1/96, para Delegado de Polícia do Estado de São Paulo.
Incentivado pelo Dr. João Luis, fiz inscrição para o concurso. Estudei durante
sete meses, de segunda a domingo, dia e noite. Estudava as matérias do edital
no quarto que havia sido do meu pai e hoje é meu. Eram 220 vagas apenas, para
9.500 candidatos. Apenas 81 candidatos foram aprovados, ficando 139 vagas
remanescentes. Fui aprovado em 12º lugar e na prova dissertativa de direito
penal e processo penal fui o 2º colocado. Após sete meses de estudo e quatro
fases do concurso eu era Delegado de Polícia. Com 23 anos de idade eu era Delegado
de Polícia.
Entre os aprovados, havia cerca de 15
candidatos da USP, PUC-SP e PUC-Campinas. Fui melhor classificado do que quase
todos eles. Entendi então o que o Dr. Wagner dizia durante o curso.
Comecei minha carreira de Delegado de Polícia
em 1998 e, imediatamente, passei a construir o caminho para realizar meu grande
sonho de ser professor de Direito. Lembro-me quando os professores perguntavam
aos alunos, nas primeiras aulas, quais carreiras jurídicas pretendiam seguir.
Todos respondiam “Juiz de Direito, Promotor de Justiça, Advogado etc”. Eu
respondia “professor de Direito”. Em 2003 ingressei no mestrado da PUC-SP,
concorrendo com mais de 300 candidatos, para 10 vagas. Hoje estou terminando
meu mestrando na PUC-SP.
No começo do ano passado, apresentei meu
currículo ao meu amigo e professor, Dr. Fernando Passos, coordenador do Curso
de Direito, para ser professor da UNIARA. Apesar de eu ser muito jovem, ele
acreditou em mim e me ofereceu a oportunidade de realizar meu maior sonho. Hoje
sou professor de Direito Penal da minha querida UNIARA, responsável pela
disciplina de Legislação Penal Especial. Também sou professor da Rede Luiz
Flávio Gomes de Ensino (Rede LFG), que prepara candidatos para concursos
públicos de todas as carreiras jurídicas.
Quando entro na sala dos professores e
encontro, agora como colegas de profissão, os professores dos quais fui aluno
(todos os professores citados, com exceção do professor Edson Zambrano,
continuam integrando o corpo docente da UNIARA) não me contenho de emoção e
felicidade.
A possibilidade de aprovação em um concurso
público extremamente difícil e concorrido, logo após a conclusão do
bacharelado; a oportunidade de ingressar em um dos cursos de mestrado mais
concorridos do País, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e a
concretização do sonho de ser professor universitário, só foram possíveis
graças ao nível do Curso de Direito da UNIARA. Um curso com mais de 30 anos de
existência, com solidez, composto de um corpo docente altamente qualificado e
experiente e uma estrutura (bibliotecas, escritório experimental de prática
jurídica, cursos de extensão e pós-graduação, aulas de reforço para o exame da
OAB etc) que permitem aos alunos tornarem-se competentes profissionais nas
diversas áreas jurídicas.
São incontáveis os ex-alunos do nosso Curso de
Direito, espalhados por São Paulo e pelo Brasil, que hoje são Juízes de Direito
Estaduais e Federais, Promotores de Justiça, Procuradores da República,
Procuradores do Estado, Procuradores Autárquicos e Municipais, Advogados,
Delegados de Polícia Estaduais e Federais, professores universitários etc.
Quando me convidaram para prestar este
depoimento, prontamente, aceitei o convite. Por uma razão muito simples e
verdadeira: a UNIARA realmente forma vencedores.
Sílvio Maciel, delegado de polícia e professor
advogado e professor universitário.
Mestre em Direito pela PUC-SP, professor da Rede LFG (Rede Luiz Flávio
Gomes de Ensino) desde 2005, professor universitário, autor de obras jurídicas
na área de Direito Penal e advogado.
Fonte: http://silviomaciel.jusbrasil.com.br/artigos/121819118/depoimento-de-vida-do-professor-silvio-maciel.
Consulta em 03/12/2016, às 08:56
A publicação deste depoimento tem por fim dar a conhecer um pouco mais sobre o autor do esclarecimento relativo a informações erradas a respeito de julgamentos do STF que têm como tema o aborto.
A publicação deste depoimento tem por fim dar a conhecer um pouco mais sobre o autor do esclarecimento relativo a informações erradas a respeito de julgamentos do STF que têm como tema o aborto.
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